sábado, 3 de dezembro de 2011

O que o Natal nos revela









   Ao falar de Deus, costumamos identificá-lo com o Onipotente, o Criador do cosmo e o Senhor  do céu e da terra. Sim, ele também é isso, mas infinitamente mais. Nele pode ser encontrada uma verdade tão chocante, que apesar de todas as celebrações festivas do ano litúrgico foi muito pouco assimilada pelas pessoas. É uma verdade que ultrapassa em muito o nosso conhecimento sobre a onipotência de Deus e a sua inimaginável glória. Na base dessa verdade, há aquele fato chocante e ao mesmo tempo maravilhoso que marca a sua revelação em Jesus Cristo: Deus é humilde e modesto.
   Mas há mais! Tudo indica que Deus está mais interessado em ser conhecido exatamente assim  humilde e modesto  do que como criador onipotente.
   É essa verdade fundamental, aliás, que distingue essencialmente a nossa fé da professada pelas inúmeras religiões existentes. Na maioria delas também se cultua um Deus que, de uma forma ou de outra, se mostra como poderoso e...
cheio de glória. Mas é unicamente na religião cristã que esse Deus se revela na pequenez e na fragilidade de uma criança, no seu desamparo e na sua necessidade de ser amado. No evento do NATAL, Deus se manifesta a nós como realmente é, a verdade fundamental de que, em Jesus Cristo, Deus nos revelou, de maneira mais clara e direta, aquilo que realmente é.
   Se acreditarmos nessas palavras da Igreja  e não há razão para não fazê-lo , descobrimos, na festa do Natal, o conteúdo mais comovente e, ao mesmo tempo, mais feliz de nossa fé.      Descobrimos que, diante de Deus, não precisamos ter medo, porque ele se aproxima de nós no sorriso de uma criança. Descobrimos a verdade de que Deus não se interessa em primeiro lugar pelo poder e não faz questão alguma de ser venerado como poderoso. O fato é que ele se fez pequeno e se aniquilou entregando-se a nós como criança que suplica pelo nosso amor. Deus é e se revela assim! Torna-se criança para compreendermos que, para ele, há apenas uma coisa que conta: o amor.
O NATAL revela que Deus não se interessa pelos mecanismos de prestígio e de poder. Se Deus se revela dessa maneira, deixando de lado as instâncias de prestígio e de poder, como é que nós poderíamos recorrer a tais mecanismos na convivência social, na vida pública ou na práxis religiosa?
   Deus manifestou-se como criança para compreendermos que os seus caminhos não são aqueles do poder, mas os da ternura e do amor.
   Ao tornar-se homem não na figura de um imperador poderoso, mas na forma de uma criança indefesa, Deus nos informa, de maneira indiscutível, que ele não se interessa pelos mecanismos de poder. Com isso, porém, assume grande risco. Ele se põe em nossas mãos!
   Em Jesus Cristo, Deus se entrega aos seres humanos e, com isso, está totalmente sujeito ao agir e às decisões das pessoas. Ele fica à nossa mercê, assim como qualquer criança. Entrega-se a nós, assumindo o risco de que essa sua confiança possa ser traída.
   A decepção diante dessa traição pode ser verificada no decorrer da história e já transparece em diferentes passagens bíblicas. Tal decepção chega a seu cume naquele acontecimento chocante em que criaturas humanas torturam e ma-tam o Filho de Deus no pelourinho vergonhoso da cruz. Ninguém teria tido a ousadia de crucificar um Deus onipotente que se tivesse manifestado em seu poder e glória. Um Deus assim seria venerado por todos; mas, ao mesmo tempo, seria temido também por todos. Exatamente esse medo, porém, Deus não quer, Deus não quer que o temamos, mas o amemos. O evento do Natal mostra que ele não está interessado em nos intimidar. Em vez disso, espera que o amemos. Para que tal fato se torne visível de maneira mais palpável, ele se revela a nós como criança indefesa que implora nosso amor. De um Deus que se apresenta na forma de uma criança, ninguém tem medo. Um Deus assim só pode ser amado de coração aberto. Só pode encontrar amparo em nosso braços e coração. É exatamente isso que Deus deseja.


Luiz Carlos (Luigi)
lcnascimento50@hotmail.com

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