Jesus insiste, no Evangelho de hoje, que nossas atitudes sejam diferentes: acolhedoras, misericordiosas, pacientes, humildes. Isso exige de nós uma mudança de vida, um ir além das fronteiras que nós mesmos construímos a fim de que sejamos semelhantes a Deus.
Cristo exorta longamente os Seus discípulos a que respondam ao ódio com amor: “Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu”. Este texto ajuda-nos a compreender e a ver no amor aos adversários a característica específica dos discípulos de Cristo.
Estamos diante de duas maneiras de viver. A primeira é a dos que se comportam sem referência a Deus e à Sua Palavra. E por isso agem em relação aos outros em função da maneira como eles os tratam. Dividem o mundo em dois grupos, os amigos e os que o não são, e fazem prova de bondade só em relação aos que são bons para com eles. A segunda forma de viver não põe em primeiro lugar um grupo de homens, mas sim o próprio Deus. Deus, no entanto, não reage de acordo com a maneira como O tratam; pelo contrário, “Ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá a chuva tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal”.
Aqui Jeus nos chama a viver a característica essencial de Deus Pai. Fonte transbordante de bondade, o Altíssimo não se deixa condicionar pela maldade de quem está à Sua frente. Mesmo esquecido, mesmo injuriado, Ele continua fiel a si próprio, só pode amar. E está sempre pronto a perdoar: “Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos” (Isaías 55,7-8). Numa palavra, o nosso Deus é misericordioso.“Não nos trata de acordo com os nossos pecados, nem nos castiga segundo as nossas culpas”. (Salmo 103,10)
Para mim – e creio que para você também – a grande novidade do Evangelho de hoje não é tanto o fato de que Deus é fonte de bondade, mas que os homens podem e devem agir à imagem do seu Criador: “Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”. Já que, por intermédio da vinda do Seu Filho até nós, esta fonte de bondade está agora acessível. Tornemo-nos filhos do Altíssimo e, consequentemente, somos capazes de responder ao mal com o bem, ao ódio com amor.
Vivendo uma compaixão universal, perdoando aos que nos fazem mal, damos testemunho de que o Deus de misericórdia está no coração de um mundo marcado pela recusa do outro, pelo desprezo em relação àquele que é diferente.
Oxalá, trazendo sempre Jesus em mim e em você, façamos com que a luz do amor divino brilhe no meu e no seu lar, no meu e no seu país, no mundo inteiro marcado por tanta violência.
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