domingo, 3 de julho de 2011

Simão Pedro



Conta-se que Simão Pedro estava cansado, depois de 20 dias junto ao povo.
Banhara feridentos, alimentara mulheres e crianças esquálidas e, em vez de receber a aprovação do povo, recolhia insultos velados, aqui e ali... Após 03 semanas consecutivas de luta, fatigara-se e preferira isolar-se entre as alcaparreiras amigas. Por isso mesmo, no crepúsculo anilado, estava, ele só, diante das águas, a refletir....
Aproxima-se alguém, contudo...
Por mais busque esconder-se, sente-se procurado.
É o próprio Cristo.
- Que fazes, Pedro? – disse o Senhor.
Penso, Mestre.
E o dialogo prolongou-se.
- Estás triste?
- Muito triste.
Porquê? Chamam-me ladrão.  Mas se a consciência te não acusa, que tem isso?
Sinto-me desditoso. Em nome do amor que me ensinas, alivio os enfermos e ajudo aos necessitados. Entretanto injuriam-me. Dizem por aí que furto, que exploro a confiança do povo... Ainda ontem, distribuía os velhos mantos que nos foram cedidos pela casa de Carpo, entre os doentes chegados de Jope...Alegou alguém, inconsideradamente que surrupiei a maior parte...Estou exausto, Mestre. 20 dias de multidão pesam mais que 20 anos de serviços na barca.
Pedro, que deste aos necessitados nestes últimos dias?
Moedas, túnicas, mantos, ungüentos, trigo e peixe...
De onde chegaram as moedas?
Das mãos de Joana, a mulher de Cusa.
As túnicas?
Da casa de Zobalan, o curtidor.  Os mantos?
Da residência de Carpo, o romano que decidir amparar-nos. Os ungüentos? Do lar de Zebedeu, que os fabrica. O trigo? Da seara de Zaqueu, que se lembra de nós. E os peixes?
Da nossa pesca. Então, Pedro?  Que devo entender, Senhor?
Que apenas entregamos aquilo que nos foi ofertado para distribuirmos, em favor dos que necessitam. A Divina Bondade conjuga as circunstancias e confia-nos de um modo ou de outro os elementos que devamos movimentar nas obras do bem...Disseste servir em nome do Amor...
Sim, Mestre... Recorda, então, que o amor não relaciona calúnia, nem conta sarcasmos. O discípulo, entremostrando súbita renovação mental, não respondeu.
Jesus abraçou-o e disse apenas:
Pedro, todos os bens da vida podem ser transmitidos de sítio a sítio e de mão a mão...Ninguém pode dar, em essência esse ou aquele patrimônio do mundo, senão o próprio Criador, que nos empresta os recursos por Ele gerados na Criação... E, se algo podemos dar de nós, o amor é a única dádiva que podemos fazer, sofrendo e renunciando por amar.
O apóstolo compreendeu e beijou as mãos que o tocavam de leve. 
Em seguida, puseram-se ambos a falar alegremente sobre as tarefa esperadas para o dia seguinte.

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